Eu, angustia de mim

Todas as poesias mortas estão enterradas aqui em mim, dentro.

Como filhos precoces e ressequidos estão todos decompondo.

Me decomponho também em mil pedaços estilhaçados caindo.

Murcham agora todas as qualidades boas que ainda encontro.

Angustia morna tal qual o relógio que é agora certeiro e lento.

Dúvidas e medos, insegurança e muito desejo contido, reprimido.

E tudo passa como filme inventado, como história só ao relento.

Meu nome nem sei, me chamo tempo. Sou hoje de mim remido.

Em segundo plano me vejo melhor. Me vejo no plano, em prantos.

E fora dele, nada em ângulo, tudo à frente bem nítido, ao sol.

Bem forte, com "muito potencial", sempre em futuro do pretérito.

Indicando meu estado e ainda o meu momento, "se" houver tempo.

Um arrepio percorre o corpo e a alma só sabe de mim ser errante.

Não há futuro. Não vejo. Essa cena já vi, se repete mil vezes ao ano.

Me destruo em cinzas, fogo e carbono, com lágrimas, tudo pronto!

Para renascer outro dia, qual ave alada, pra ver a chuva me levar

[Na primeira enxurrada.

17/01/2017

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 17/01/2017
Reeditado em 17/01/2017
Código do texto: T5884763
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