TALVEZ

Não sei o que digo

Não sei o que sinto

Não é ódio nem rancor

Nem medo nem dor...

Talvez um torpor

Um momento antes da explosão

Ou implosão...

Por estar no mundo

E não ser arrebatada

Pelos seus valores

E não ser consumida

Pelas dores

Que o fazem fervilhar

De modo a esquecer quem se é

E aonde se está...

Talvez deixe de ser

Mais uma energia tangível

E de lá longe

Onde mora a lua

Onde brilha vênus

Poderei enxergar

Com clareza microscópica

As incoerências e fragilidades,

Incertezas e ilusões

Que comandam o Homem

E as suas inversões

Entre a forma e o conteúdo...

Talvez lá eu ria

Às talagadas...

Por ter chorado na noite fria

E ter desejado mais

Do que os mortais podem dar...

Talvez...

Eu veja a minha própria pequenez

E identifique em meio ao caos

Aquilo que é divino no mortal

E sorria como quem sabe

Porque caminhos trafegam

Os nossos pés...

E enfim possa admirar

Mãos enrugadas, sem anéis...

Estrelas nos olhos encovados...

E adentrar para além

Das janelas da alma

Conduzida por um fio

À meada da verdade

Talvez...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 02/08/2007
Reeditado em 03/08/2007
Código do texto: T590372