A tristeza do ser

Ouço soluços que fingem sonhar

Fazem de conta que são pesadelos,

São almas agonizantes

Que suas amarguras não podem contar

E mesmo com todo o conforto, não dormem!

As madrugadas são testemunhas,

Dos sentimentos que as consomem

Dos conflitos que as golpeiam

Outros integrantes da família,

Que dormem na mesma casa,

Mas são completos estranhos

Não podem ouvir, não podem saber,

Já conhecem a tristeza intimamente

Vivem de mãos dadas com ela

Dia e noite,

Noite e dia,

São inseparáveis, em tempo permanente!

Então a alma que na calada da noite chora

Deve fazê-lo em silêncio

Para não perturbar excessivamente os já perturbados

Choram sentidas, com todos os sentidos.

Em todas as casas, apartamentos, acampamentos...

Fingem ser tristes de vez em quando,

Porque seus mundos reais são mais feios.

Mais tristes, mais cinzentos do que as noites frias de inverno.

São pobres almas cheias de dinheiro

De futilidades, de vaidade, de trivialidade.

Possuem de tudo que o dinheiro compra

Milhares de "amigos" no mundo virtual,

Mas no mundo real é uma fatalidade!

Vivem, sofrem, agonizam, morrem sozinhos.

Seus choros abafados pela vergonha,

De não conseguirem comprar a tal felicidade.

São lamúrias abafadas pela máscara convencionada nas regras da sociedade

Um tanto infiel a fidelidade do sofrimento humano,

Demasiadamente cínica, evasiva, mesquinha, enfadonha...

Sonham as pobres almas, mas sem isso revelar,

Com o dia que o fingimento acabe

E possa suas dores lamentar.

Sonha com o baixar das cortinas,

Com o apocalipse Divino

Com o erradicar do mundo profano.

Valéria Nunes de Almeida e Almeida
Enviado por Valéria Nunes de Almeida e Almeida em 12/05/2017
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