A tristeza do ser
Ouço soluços que fingem sonhar
Fazem de conta que são pesadelos,
São almas agonizantes
Que suas amarguras não podem contar
E mesmo com todo o conforto, não dormem!
As madrugadas são testemunhas,
Dos sentimentos que as consomem
Dos conflitos que as golpeiam
Outros integrantes da família,
Que dormem na mesma casa,
Mas são completos estranhos
Não podem ouvir, não podem saber,
Já conhecem a tristeza intimamente
Vivem de mãos dadas com ela
Dia e noite,
Noite e dia,
São inseparáveis, em tempo permanente!
Então a alma que na calada da noite chora
Deve fazê-lo em silêncio
Para não perturbar excessivamente os já perturbados
Choram sentidas, com todos os sentidos.
Em todas as casas, apartamentos, acampamentos...
Fingem ser tristes de vez em quando,
Porque seus mundos reais são mais feios.
Mais tristes, mais cinzentos do que as noites frias de inverno.
São pobres almas cheias de dinheiro
De futilidades, de vaidade, de trivialidade.
Possuem de tudo que o dinheiro compra
Milhares de "amigos" no mundo virtual,
Mas no mundo real é uma fatalidade!
Vivem, sofrem, agonizam, morrem sozinhos.
Seus choros abafados pela vergonha,
De não conseguirem comprar a tal felicidade.
São lamúrias abafadas pela máscara convencionada nas regras da sociedade
Um tanto infiel a fidelidade do sofrimento humano,
Demasiadamente cínica, evasiva, mesquinha, enfadonha...
Sonham as pobres almas, mas sem isso revelar,
Com o dia que o fingimento acabe
E possa suas dores lamentar.
Sonha com o baixar das cortinas,
Com o apocalipse Divino
Com o erradicar do mundo profano.