Noivado Amargo

Dia mais margo não podia ter acontecido,

do que aquele em que eu fui convidado

para uma festa sem importância para mim.

Ninguém poderia prever o que aconteceria.

Deveria ser apenas a festa de um noivado,

mas noivado do meu amigo mais querido.

Ali teriam início as minhas torturas sem fim,

porque, imaginem, a noiva eu não conhecia.

Ao vislumbrar aquela mulher de beleza divina,

meu coração estremeceu como nunca ocorrera antes.

Quando ela me foi apresentada de verdade,

achei ter capacidade de ser leal à velha amizade,

mas impotente vi que aquele sentimento temerário

parecia já prenúncio do início de meu calvário.

Como imaginar o destino me reservando esta sina,

diante da qual qualquer sensatez se desatina ?

Que arrepio ao vê-la ganhando o anel de diamantes.

Quando eu e aquela mulher cruzamos olhares,

eu percebi nela acontecendo algo de diferente.

Mas estavam coroando de êxito uma longa paixão.

O destino de todos nós já estaria ali traçado,

pois até a data do casamento já haviam marcado.

Apesar da sensação de conhecê-la de outros lugares,

nada mais, nesta vida, seria alterado entre a gente.

Meu Deus, como imaginei vencer aquela sensação !

E assim chegou o dia do tão anunciado casório.

Ao entrar na igreja o olhar da noiva me procurava.

Subia naquele altar como quem ia a um martírio.

Por que será que quase todas pessoas assim agem ?

No momento de mudar o destino, lhes falta coragem.

Eu acreditava ainda que o tempo tudo apagava,

mas aquela intensa paixão perversa só aumentava.

E eu percebendo que meu amor é correspondido,

mais aumentam as cruciais dores do meu coração.

Meu peito vai queimando como larvas de um vulcão.

Hoje, do filho do casal eu sou o padrinho querido.

Esta tortura parece cada dia só vai aumentar

e eu levo a vida procurando deseaprender a amar.

Mas nada pode apagar o fogo desse amor proibido !

04/06/07

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 15/08/2007
Reeditado em 31/03/2012
Código do texto: T608080
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