O lado esquerdo do pássaro

Quebrei meu bico tentando

Roer as grades da gaiola;

Depois as asas e por fim,

As patas e as unhas, em carne viva.

Não sou roedor, perdi as penas,

As asas tremem de tentar voar

Arrasto-me feito réptil

Depois de tanto céu azul.

Cantar? Ah... Quem dera...

No máximo um grunir de ave rota...

Volto-me subitamente!

Vejo o dono das grades morto,

Morto de medo, branco de susto;

A minha liberdade o matou,

A minha coragem sangra a sua alma.

Sou pássaro segredo,

Sem medo nem nada...

O tempo sarou as feridas

Nada mais sangrará,

Mas singrará de novo novos céus.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 30/08/2017
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