A UMA CRIANÇA MORTA

Vazio o quarto está.

Entrei chorando e vi brinquedos espalhados pelo chão.

Carros sem rodas, índios sem flechas e sandálias já sem dono.

Olhei para o berço e me parou na garganta um grito vindo do peito.

Caminhei com passos lentos e parei.

No canto do quarto um peixinho nadava indefeso em seu aquário.

Na janela, um jarro com flores já sem vida.

Volto para sala aonde eu encontro sua mãe que chora,

Como se as lágrimas fossem-lhe acordar desse sono profundo.

Tiraram você do berço e lhe puseram num caixão,

Onde flores e rosas brancas enfeitam o seu sono.

Choram seus irmãos e seu pai inconformados

E num silêncio perguntam a Deus porque escolheu você.

Eu olho seu rosto pálido e ao ver seu silêncio quisera gritar:

Acorda!

Olha ao seu lado e verá um côro de anjos que rezam por você!

Não os abandone!

Seus brinquedos esperam por você do jeito que você os deixou!

Calça seus pezinhos, dê flechas aos índios e vamos brincar.

Ao longe toca o sino da capela,

Como se a Deus quisesse anunciar a hora da sua partida.

Sento-me num canto, enxugo minhas lágrimas e acalento os seus pais.

Você partiu desse mundo, mas voltou ao pai.

Autor: Lúcio

Lúcio
Enviado por Lúcio em 08/09/2017
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