O Poço Das Trevas

Bem aqui no fundo deste poço gelado e escuro em que me encontro

O lodo me alcança as canelas e meu grito de socorro rebate nas paredes e me sangra os ouvidos

Clamo por Deus com o fervor dos devotos

E Ele me responde com meu timbre de voz no eco torturante do meu coração vazio

Invoco outras entidades em desespero, mas não há uma só mão capaz de me arrepelar deste poço

Ouço as gargalhadas dos espíritos do mal que eu mesmo criei na minha mente lúdica e não consigo me libertar

(Que me joguem uma corda para eu fazer de gravata ou uma pistola para eu me fazer de alvo)

Como não alcanço a saída pela luz, cavo com minhas mãos o fundo deste poço na tentativa vergonhosa de libertação deste lugar que fui lançado sem aviso

Vez ou outra, um ser – que não identifico por ser sombra na luz – senta-se na boca do poço e defeca em minha cabeça

Maldito seja este ser que não reconheço

E que em mim amontoa dejetos fecais

Enquanto anseio como a sede no deserto por veneno

Quem me guardou neste relicário?

Foi obra de Deus ou armação do diabo?

Thiago Lara
Enviado por Thiago Lara em 13/09/2017
Reeditado em 13/09/2017
Código do texto: T6112957
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