Pela Fresta da Janela
Bati
Nem sei dizer quantas vezes
Insisti
Mas aquele a quem dei o meu amor não me abriu
...
O vi
Pela fresta da janela
Estava demasiado triste
Impossível era não ter me ouvido
Porém, me atender ele não quis
Começou a chover na madrugada
E lá estava ele, pela fresta eu vi
Ele não dormiu a noite inteira
Ele chorava, soluçava, suspirava
Comoveu-se o céu com seu lamento
Que por um momento, calou-se o vento
Comoveu também a mim, chorei, meu amor...
Lembrei o quanto ele era quente
Ah, quando ele era reluzente...
Eu sei que poderia guardar metade do calor
Para um dia frio, para uma noite fria...
O próprio sol murmurar, ele fazia
Se aproximava a aurora
O vi pela fresta, enxugando o pranto
Ele não queria que aparente fosse sua dor
Bati uma última vez, cansei, me retirei chorando
Ele abriu a porta, mas partido eu já havia
Enquanto o sol surgia, no horizonte se via
Os raios sobrepondo sombras ao destacar minha silhueta afastando-se...
Ele chamou-me, proferiu meu nome em alta voz
Não regressei! Me vi enferma
Pois uma madrugada inteira
Do lado de fora, velando o seu pranto pela fresta da janela eu fiquei.