Espelhos

Que triste retrato forjou o tempo

no espelho que encaro ao abrir os olhos

há tempo que em versos à vida eu imploro

que me diga por fim quando chega o alento

Ajoelho aos pés da vastidão da existência

submetendo-me aos vis ponteiros do relógio

em meio ao que ainda me resta de sóbrio

e suplico pelo fim da penitência

Mas sei que esta batalha será olvidada

ao último bater dos sinos em minha mente

quando esta luta, enfim, se der por encerrada

E de mim... não sobrará nem a memória

nem meus restos, nem minha gente

ninguém contará minha história.