Aparência

Quando abro a pele,

vejo as feridas,

ora expostas ora sangrando,

mas me calo,

cubro com um pano,

poucos notam,

quase sempre ganho,

mas inflama,

alguem nota,

me pergunta sobre o semblante,

as vezes perco,

respondo que nao dormi,

os pontos se desfazem,

me recolho,

custuro, amarro, cubro,

tento sorri,

as navalhas afiadas,

faltam forças,

resisto,

latejam dia e noite,

mas prefiro continuar assim

para poupa-lo,

fingindo que só vejo pessegos.

Francine Medeiros
Enviado por Francine Medeiros em 22/08/2007
Reeditado em 22/08/2007
Código do texto: T618487