Alteza lúgubre
Em preto e branco, sem cores, quase sem vida...
Embaçado, sob um denso nevoeiro, frio, nublado...
Classifiquem como queiram, ou se quiserem prestar um favor nem falem, pois quanto mais se fala mais dor exala, nesse caso é mais conveniente aquele que se cala.
Já entendida como fuga inútil, o jeito é encontrar no desajeito e no desconforto uma posição que alivie quiçá um pouco.
Busco na lúgubre poesia algo que se travista de alegria e, me engana que eu gosto. Quando as lágrimas não vêm aos olhos, os dedos destilam toda tristeza que transborda um coração que não comporta o tamanho desta indócil alteza. Alteza de uma realeza que impera onde já inexiste a firmeza. Um dia todos nós nos rendemos à ela, e ela nos leva...
Onde imperava a leveza, hoje falta a beleza, sugerida não pela simetria facial, mas pela singeleza de um coração que extravagava todos os parâmetros de grandeza.
Nos pequenos gestos, nas atitudes descompromissadas com a estética... Lá estava o monumento eterno à uma saudade que como fim uma possibilidade hipotética. A gente planeja tudo... ou quase tudo...
O principal é ignorado, e nem foi epigrafado, por isso sempre nos apanha de surpresa. É a lei da vida, ou da sua própria natureza.