VISGO

O que agora faço com essa tortuosa culpa?

Devo, sem queixar-me, enjeitar de vez o posto?

Ou, quem sabe, conviver de uma forma astuta

com este fajuto visgo de maldade imposto?

Tenho parafusos afrouxados pelo tempo;

em todas as juntas, articulações inatas;

deixo-me sentir, quando sentir já não agüento

curvo-me traído pelas pernas inexatas.

Impedido de remar por conta da corrente,

continuo preso nesse mar - meu egoísmo;

desistindo de bater os braços, impotente,

impedido de esquipar por conta desse abismo.

Mas a minha compleição é forte e persevera;

seguindo, valente, facejando os elementos;

ar e água, terra e água - e mar é água e terra,

pela areia, vou queimando ao fogo do momento.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 31/01/2018
Reeditado em 31/01/2018
Código do texto: T6241080
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