Para uma bailarina de caixinha de música
Deixei meu amor rosa-flor fincada sobre a pedra
E sob um sol tímido dos olhos, abri minhas mãos
Dobrei a esquina, caminhei entre o discurso e o silêncio
Atravessei, buscando talvez uma parte que não existe
Mas ainda há de ficar as "canções"
A poesia não vivida,
O trecho não escrito,
A prosa não falada.
As lembranças,
Que serão fincadas como rosas sobre a pedra
Adeus a bailarina da caixinha de música
Adeus a pele clara, como Silene
Adeus ao suspiro do tempo
Ao suspiro inconformado de amores, de dores
Adeus, aos cabelos de ondas de mar, as ondas negras qual a uma última noite sem estrelas
Adeus a essa coisas que as vezes chamamos de amor
Adeus ao desejo contido,
Ao murmurar em silêncio
Adeus ao improvável, ao reverso da escrita
Adeus a poesia demorada, tragada, socorrida..., e ao contentamento implorado pelo último adeus.