Às Paredes

Hoje paredes me falaram.

Viram as dores do meu dia a dia,

Espantei-me com tamanha humanidade.

Surrealidade pensar que vivia eu uma insanidade.

Olhei para o teto e ele sorria – Não era alegria.

Percebi que era pra me consolar,

Pra ser meu amigo e não me fazer chorar.

Voltei às paredes, que giravam,

E rodei como elas.

Voltei até o infame tempo em que fui feliz,

E da lembrança sorri.

Parei um momento, perguntei-as sobre presença,

Disseram que sim, estiveram o tempo todo presentes,

Vendo as intenções, zelando pelo testemunho de mim.

Desde que aqui cheguei,

Foram companheiras mais assíduas,

E nada a mim fora falado até que precisasse,

Dado o momento, começaram:

- Fostes o que precisava pra se encher,

Pra entender tudo o que era preciso do seu jeito.

A avaria é um vento marcado,

Criado no dia em que a tempestade surge,

Marca no presente o atual do passado; estou amarelado.

- Nada te vi por detrás dos armários,

Mas tão pouco fora necessário

Para ouvir sons de tua agonia ao murmurar.

Nas noites que pensava que era em vão teu caminhar.

- Sempre que deitado estava ao teu lado,

Mesmo pensando estar sozinho, era contigo.

Segui teu tempo: Algo novo e não esperado.

Desde a construção de toda sua feição,

Nos amores a dois às decepções sozinho.

- Foi a razão por teus momentos vividos,

Não cabe a ti acabar.

Tua oração foi por momentos não frigidos.

Quanto às emoções; foi tudo o que pode amar.

Dentre as lógicas que aprendi,

Fico com as das paredes –

Elas viveram o que vivi.

Thales Santos
Enviado por Thales Santos em 28/08/2007
Código do texto: T627021
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