Eu não me lembrava mais
Eu não me lembrava da última vez que chorei deitada no chão do banheiro, até a pele grudar no frio da cerâmica.
Eu não me lembrava mais desse sentimento de impotência, da vontade de gritar pedindo pra você ficar, mas a voz ficar embargada no meio da garganta, me sufocando.
Eu não me lembrava mais, da tristeza de ver os planos escorrerem pelas mãos, e mais triste foi ver que esses planos nunca foram meus.
Eu não me lembrava mais da dor, do coração lentamente se despedaçando, da solidão da partida, e da escuridão de ter perdido a esperança.
Não me lembrava mais da sensação dos dias felizes terem sumidos, e a angústia de que o sol nunca mais irá clarear. E que os dias alegres, deixarão de existir.
A despedida, quando forçada, nos tira a força, nos tira o chão, nos tira a luz.
Eu não me lembrava mais da mistura de sentimentos que nos invade, um mix de tristeza, raiva, ódio, desprezo. Onde, a gente tenta enxergar as coisas de outra maneira, para amenizar a dor do ruim.
Sinto como se estivesse passando numa fase de luto, onde eu choro, incontáveis e incansáveis vezes, enterrando um amor que não pode seguir seu caminho.
Choro a dor, de colocar esse amor, num espacinho bem no canto e no fundo do coração, mas que ele insiste em ser maior que eu, só pra me mostrar que ele existe. Apertando o que resta de mim, deixando meus pulmões sem ar, meu estômago sem necessidade de alimento. Esse amor me esmaga por dentro.
Desisti de brigar com ele, vou deixar ele no seu tempo, esperando muito que ele se aquiete.
As lágrimas vão me trazer um arco íris.
E carregarei o peso de ter um amor, a quem não pôde receber.
E com coração cicatrizado, com as marcas desses momentos, seguirei.