Fantasia

Sua tristeza é passageira?

A minha é passageiro...

Sentada, segura, cinto preso

A bordo de dezembros a janeiros.

Anfitriã gentil, ardil, perspicaz

Hospedo-me contigo tantas noites mais

companhia que não aquece

Abraço frio que não se esquece

Ao riso que me blinda devo muito

Oculta toda dor com maestria

Aos olhos que não choram agradeço

Lágrimas sempre borram a fantasia

Carrego meu mundo nas costas

Sou herói na mitologia que invento

O bem contra o mal, meu pensamento

Disseco perguntas sem respostas

Quando a vida passar diante de mim

Na hora final do suspiro derradeiro

As cortinas anunciarão o fim

Florescerá um novo jardim