Elegia ao pobre jardineiro

Debalde trabalha o pobre jardineiro.

Os pássaros não mais gorjeiam em seu jardim.

O jardineiro, apesar das ofensas, segue cordeiro.

Violeta, Tulipa, Crisântemo e Jasmim...

Debalde tenta e tenta o pobre jardineiro.

Em seu jardim, as borboletas choram...

Apático, ele realiza o trabalho costumeiro.

As flores, na terra, sua atenção imploram.

O jardineiro, triste, só contempla o girassol.

Fertiliza a terra! Deixa-a com a tepidez de ninho.

Sua predileta flor, porém, só tem olhos para o Sol.

O pobre jardineiro se sente cada vez mais sozinho.

Debalde o jardineiro busca a água límpida e pura,

Para acariciar os louros cabelos do girassol.

A hostilidade da flor ainda perdura...

Olhos para o alto! Olhos sempre pro Sol.

Ó! Debalde conversa com ela, o pobre jardineiro.

Carinho, proteção e um adubo chamado amor.

O girassol, porém, acha tudo rotineiro...

Ao girassol nada importa! Do jardineiro somente pavor.

Ah! Debalde alerta o pobre jardineiro.

Para que o seu amado girassol não abandone a terra segura.

Ele faz de tudo; muda até o que era "rotineiro".

A flor, porém, só quer aventura.

Pobre, pobre jardineiro que de tudo tentou...

Mas até as partes mais íntimas o girassol ao Sol mostrou.

Ao arrancar-se do solo nessa tresloucada aventura.

O girassol assinou sua sentença: o amargor e a desventura.

O pobre jardineiro, doravante, a todas ama...

Ao girassol, o seu amor nunca mais, jamais, proclama...