Sob um dilúculo

Sob um dilúculo de minha vida...

Foram os teus lábios que desejei beijar.

Foi a lembrança da tua pele

Nua e quente, que me fez estremecer.

Que desejei fazer do teu corpo

Meu torrão e nele me deixar.

O que fez minh’alma quase endoidecer.

E a tempestade de sentimentos

Que dentro de mim se fazia...

Romper-se em gritos de saudades.

E o dilúculo transfigurar-se em noite,

Sob a alvorada já a desabrochar.

E o cerne da alma se desfigurar

Transformando o meu olhar,

Em calidoscópio quieto e cinza,

Sob a aurora de uma vida sem você.

E agora, um vento uivante, eu sou

A uivar nas montanhas de minha vida.

Uma alma espectro a sangrar a sua dor,

Sob o céu das noites frias e dos dias cinzas...

Camaçari/BA, sexta-feira, 21 de setembro de 2018, 12h27min