Mais um dia, mais uma pena

Como um dia também passa,

Dia de fugir ou de caça,

Anda da rua até a praça,

Da praça até a casa,

Achando que tudo é de graça,

Mas que graça,

O tempo não custa metal e nem valor humano,

O tempo é desumano,

Mas ainda assim o amo,

É uma colecionadora de momentos,

Só quer saber de juramentos,

Seus desfechos são mantimentos,

De tempos em tempos,

Dá tempo de pensar,

Dessas cordas desamarrar,

Gastar menos tempo ao brigar,

Mas quem é esse que quer me controlar,

O destino é livre ou é predestinado?

Estou livre ou auto acusado?

Como eu faço pra ser orgulho a quem me atrai,

Mas minha própria consciência me trai,

Cantai, adorai, louvai,

Mas não cai,

O corvo arrancando suas próprias asas,

Fugindo de todas as desgraças,

Tentando procurar graças

E graças a isso,

Ainda sobrevoa o abismo,

Eu tento mas cismo,

Tudo bem, é só um cisco,

Qual era o tom de azul dessa ave símbolo de morte?

Devo seguir para Sul ou Norte?

É no norte que encontra quem lhe condiz,

Mas diz,

Sem minhas asas, o que eu fiz?

Nas minhas pernas, é raiz?

Me espere norte, sem asas mas de dente,

Confie mais uma vez nessa ave estridente,

Vou te mostrar sorridente,

Mesmo que carente,

Fazer os olhos olhar,

Mas olhar pra que direção?

Até que mísera dimensão?

Você tem noção, da dimensão dos seus atos,

Das escolhas, dos fardos?

São invisivelmente tatuados,

Em nossos corpos frios ou suados,

Viaja o corvo arrancado suas penas,

Pelos ares frios e madrugadas serenas,

É um presságio apenas,

Que apenas tu pode mudar o rumo,

Pode ser o cúmulo,

Mas nunca o nosso túmulo,

O que há de errado em não gostar,

Desgostar de errar,

Quando é que vou parar,

E me mostrar capaz de amar,

Não importa cor ou sua crença,

Corrente sempre foi sinônimo de doença,

Não precisa de imprensa,

Só pensa,

Adianta mostrar um problema,

Seja em crime ou em injusto emblema,

Não acha que é de dar pena?

Se todos vissem os meus erros passados,

O quanto eu me vejo encarcerado,

Não existiria prisão aos condenados,

Somente perdidos novamente humanizados,

A pior corrente não vem de antemão,

Nem do chefe, dono ou líder pagão,

A corrente que mais aperta é colocada pela própria mão,

Esse poema não é sermão,

Estou me dando uma lição,

Mas se quiser internalizar,

Abra a porta, pode entrar,

Sinta-se na sua casa e ei de sentar,

Aqui somos apenas não entendedores da nossa personalidade,

Não importa ano nem idade,

Só não se prenda pela eternidade,

Meu próprio tempo é finito,

De um ser infinito,

Sou Corvo Cerúleo ou um mito,

Sou fé ou só rito?

Mais um dia, outra pena se vai,

Outra briga se esvai,

Corre, vai

Não importa o conflito, amai.

Faz de você o próprio líder que guia até o fim,

Pois no fim,

Mesmo que enfim,

Quem se lembrará de mim?

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 27/12/2018
Reeditado em 27/12/2018
Código do texto: T6536867
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