22 - O Poeta Corrompido
Meu caro
Por que anda tão abatido?
Perdeu a maquiavelice
De viver insanamente?
Eu sei, o tempo caminha breve!
E o breve caminha a nós
De modo que um dia, leve
O vento nos leve, a sós.
Meu caro,
Todo vivo vai morrer.
Essa pressa é o que te impede
De correr...
O luxo é tão efêmero
Cuidado, soldado do barro!
A confiança é um tiro
No escuro da vida...
O coiote às vezes finge desistir.
Meu raro, a relva apanha,
A selva sangra.
Por que anda tão viciado?
Morrendo deitado e moendo feridas...
O martírio é o que te gasta nessa lida.
A raiva passa, o rancor passa
O ódio passa quando passa a tempestade.
(Do livro "Fábrica Lírica")