A Outra Margem
Ainda que nossas freqüências fossem semelhantes
Puras e ou abstratas
Apenas uma não te criaria
Fervor que te leva a alimentares teus pecados
Pobres, divinos
Que te têm nas veias e nelas tu permaneces, tu engrandeces.
Cor de espingarda, bala de maníaco
Fura, tinge, entope
Como um arrombamento das células-mãe
Tua dor de renascença
Ainda que eu gemesse e contigo transbordasse
Tu serias meu veneno
O meu amante em gelo, em líquido, tom vermelho
Balança e te lança no rio a cantar
Estremece no entardecer dos olhos teus
Da tua pele, do meu abafo
Crédulos, passo a passo.
Ainda que eu rimasse os mais belos versos
Te faria sofrer ebulição
E depois tu me expulsarias.
Poesia baseada na música de Renato Russo, Monte Castelo.