BODAS DE NADA

Vejo-te, de longe.

Entre nós,

quilômetros de estradas de luz.

Há uma década,

olhos da cor do mar

hipnotizaram

minha alma,

meu coração.

Olhos de boto,

olhos de lenda,

olhos sedutores,

encantadores.

Olhos,

hoje,

fixados

em outros olhos.

Novos olhos,

novos horizontes.

Outras cumplicidades,

outras identidades,

magicamente

fotografadas,

a quatro mãos.

Mãos entrelaçadas

pela empatia.

Mãos iluminadas,

que ofuscam,

ignoram

minhas mãos

abandonadas,

geladas,

sem forças

para enviar luz.

Mãos,

agora,

sem importância,

mãos envelhecidas,

mãos que viraram

rotina

a implorar,

pateticamente,

atenção

e

vida.

(Escrito em 28/09/2007)