como uma âncora abandonada no fundo do oceano

seus filhos me recitam épicas

anteriores,

e me dizem, depois, que tudo está

bem. 

mas uma água viva também não 

consegue 

ser tão rasa assim, e na água doce 

ainda é possível 

ver os olhos das ameaças 

por mais distante que o fundo 

esteja. 

vejo a dormência em palavras 

inquietas, desesperadas 

há trinta dias sem sair da garganta.

elas são engolidas 

junto com água, feito um remédio

tomado diariamente,

mas agem como um veneno de

longo prazo. 

há um perfume neste mundo

que o cheiro se perdeu vindo a

mim. 

e não consegui mais encontrá-lo 

quando terminada a última sílaba 

de uma despedida jamais sonhada. 

tentei correr em sua direção, 

mesmo com muros erguidos 

para proteger tal jardim. 

hoje me deito, tendo

somente memórias não realizadas 

para enfim me distrair 

até o sono chegar e me acompanhar 

às praias mais belas que já 

nadei.

Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 14/04/2020
Reeditado em 26/10/2022
Código do texto: T6916732
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