CERTAS HORAS

Em certas horas,

vinda de qual lugar não se sabe,

uma angústia anônima assalta-nos.

num crescente

que mais do que envolvente,

absorve a pouca animação

que teima em ser sobrevivente...

Em certas horas,

Vem a nós a visita indesejada,

Uma situação não planejada,

Feito o vento que,sem licença,

Deixa nossa porta escancarada.

Em certas horas,

Aquela melancolia companheira,

que de amiga nada tem,

vem pra nos dar aquela rasteira,

aviso certo de que algo não vai bem.

Em certas horas,

Certos amigos fazem falta

Certas palavras nos faltam

Certos consolos não caem bem.

Em certas horas,

O vento não venta

A chuva não cai

A gente lamenta

E a voz não sai

Em certas horas,

A gente é casa sem teto

É navio sem poder atracar.

18/05/2005