FENDA

Há um buraco aqui
E ainda que as flores estejam lá fora
Que o firmamento seja o mais nobre agora
Há um buraco em mim

Há um abismo sem fim
E ainda que eu invente uma ponte
Que das trevas eu contemple o horizonte
Há um abismo em mim

Há um espaço aqui
E ainda que eu tente removê-lo
Que esmeradamente tente contê-lo
Há um espaço em mim

Talvez esse seja o espinho inextirpável
O monstro oculto na escuridão
Que come meu sorriso no soluço
De uma lágrima indigesta de aflição.

 
Susana Torres
Enviado por Susana Torres em 08/12/2020
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