Pedaços

Deveria ser eu também poeta das dores,

São elas freqüentes amigas insanas

Despertando tristezas antigas em minhas poesias

Quisera eu ser Poeta da Alegria

Mas só pude ser às vezes

Vezes que fui

Vezes que fiz que fui

Vezes e vezes...

Alegria, nobre ideal!

Mas, se chora a alma, de onde virão os risos inspiradores?

Colorir com vivazes cores

O horizonte sombrio de tantas almas cinzentas

Sempre foi motivação das minhas linhas

Mas, como fugir, se por todos os lados, me perseguiam também as sombras?!

Imaginava olhos vorazes

Percorrendo as letras, palavras, frases, versos

Enquanto ia brotando o brilho em suas faces

Até desabrocharem jardins de risos...

Alento!

Essa era a poesia que sonhei escrever

Mas não pude.

Não posso ocultar nem de mim mesma as dores que fazem hoje

Percorrerem por estes traços

Meus olhos encharcados de lágrimas que embaçam minhas vistas....

Por essas linhas tristonhas vou deixando,

Não alento a alguém

Mas, pedaços do meu próprio coração dilacerado em dores...