Indesejado.

Tu não me querias

Entretanto era o meu momento de existir

E eu de teimoso no teu ventre cresci

Como o fazem as ervas daninhas entre flores,

Medonhas, teimosas, estranhas...

Já que estava ali,

No teu útero alojado,

De ti me nutri

Entenda, era o que eu precisava fazer, mamãe...

Quando chegou a tua hora eu nasci

E cheguei te rasgando, urrando, lutando

Eu precisava respirar, mamãe...

A golfada – de ar - primeira doeu em mim, aí eu chorei

Pequeno e frágil parecia, mas de mim já sabia, mamãe...

O meu destino fora traçado na maternidade

Sob o teu olhar distante de mim,

Perdido em algum lugar de um passado que eu te roubei

Roubei, mamãe?

Agora que estou aqui, me diga, o que devo fazer?

Olhe para mim, mamãe...

Toque-me, mamãe...

Me dê o teu seio, mamãe...

Sou tão pequeno ainda, preciso de ti

Onde estás mamãe?

Por que este homem me bate e não é meu pai, mamãe?

Eu ia fazer cinco anos, mamãe...

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 04/05/2021
Código do texto: T7248310
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.