Da varanda do sobrado
Passa o tempo como um alivio cortado
Nas ruas e nas casas cinzas de algodao
E eu desnudo na varanda de um sobrado
Vejo a vida e o que mais precipita-se sobre o chao.
Vejo as mulheres tao brancas e suaves
E os homens tao amargos e tao mesquinhos.
Vejo a brisa como um alimento para as aves
Que bem dançam com o metal no calor de seus ninhos.
Pasa o dia nublado e passa o aviao
Caem as cinzas de cigarro num copo vazio,
Cai tambem, sem que pudesse impedir, meu coraçao
Pela janela humeda, pelo corpo frio.
E as goteiras de sangue caem na minha mao
E eu sem coraçao e sem graça, simplesmente sorrio.
Luiz