A perda.

Ando.

como quem anda a esmo.

com sorriso amarelo.

sem desejos ou sonhos.

impotente diante da perda.

Falo.

como quem não fala nada.

com vontade de chorar.

desaprendendo a sorrir.

Paro.

como quem para sem tempo.

nem me concentro.

porque já não o tenho mais.

Ouço.

como quem espera uma resposta.

com esperança.

nessa desonesta concorrência.

Vejo.

como quem vê uma desgraça.

aquela mulher disfarçada.

levando o meu homem nas asas.

Ando.

como andam os poetas.

sem a fonte de inspiração

o seu bem mais precioso.

colecionando desilusões.

Francine Medeiros
Enviado por Francine Medeiros em 26/11/2007
Código do texto: T753827