ESTRANHOS DE NASCIMENTO.

ESTRANHOS DE NASCIMENTO

A mana que não é irmã

O irmão que não é mano

O mundo que cai

Um céu profuso de pústulas

O escuro que clareia a morte

O cego que vê.

No planeta que vomita seu pus

Estrelas colidem;

Sem lua e sem sol

Somos fendas patentes

Plantas sem raízes

Motores falhos, descartáveis

Renováveis pelo meio

Se adaptando e sofrendo as consequências.

Nosso lar, nossos atos, benéficos ao mal

O corpo que clama piedade

Ossos se roçam, se mordem

A pele que descora

A mente que agoniza

Dor contínua

Pensamentos que matam, o morto

O cabelo penteado pelo travesseiro

Cama motora, pernas de rodas, ferros te equilibram

E a morfina, anseia pela dor.

O medo de cair do já caído

O oxigênio respira seu gás carbônico

Como frutas maduras no chão

O homem, aguarda o estilingue da escravidão

Cobrem-te com as flores que dopam

Entorpecem o interesse, a filha

Na paz da morte

Deposita o amor na jaula do dinheiro

Ostenta-te pendurada num galinheiro;

A abjuração da família

A torpe aparência inaparente

Conhecidos estranhos de nascimento

O sangue do teu sangue te abre

Sequioso pelo pseudo poder

Doma a tua vontade

Enaltece os teus defeitos, mesmo no leito!

Denigre as tuas virtudes

Esquece das noites insones

E te induz ao haraquiri.

Bem-vinda, carnívora família!

Soldados, inimigos armados

O espelho mostrar-te-á o teu caminho no chão

Hipócrita sorte, suporta, suposta solidão

Farmácia de parasitas te habitarão

Os amores de hoje, te abandonarão

E, ninguém morre pela consciência

Porque, só morre pela consciência

Quem tem coração.

CHICO BEZERRA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 27/10/2022
Código do texto: T7636945
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