DESABAFO INCOMPREENDIDO

Sei que a glória não me espera, nem tampouco a compreensão. Minhas letras perdidas boiam num mar de indiferença, navegando sem rumo, sem cântico, e sem grandes esperanças de salvação..

A dor, o sofrimento, a falta, o excesso, em versos crus e simples, transbordo todo meu caos. Sou eu quem sente, quem sofre, quem carece. Em cada linha torta, me entendo um pouquinho mais.

Mesmo que a dor se reflita em teus olhos, minha solidão é um fardo só meu. Poucos leem, poucos sentem, poucos notam a chama que arde em meu ser tão meu.

Comecei com as palavras para não afundar na loucura, para silenciar os gritos da mente insana, para salvar a mim mesmo, mesmo quando não queria ser salvo. Pois, em cada verso, uma batalha travada; em cada poema, uma resistência criada; em cada página escrita, mais uma sobrevivência cravada.

Já que a poesia é minha espada e meu escudo, minha bênção e maldição. Em versos sangro, em rimas luto e vivo. Já que ninguém vê as lágrimas que as palavras carregam, nem a dor que em cada estrofe revivo.

E eu pouco ganho, além do breve silêncio que acalma a tempestade em meu interior. Mas isso não basta, meu ser anseia por um algo mais, por um pouco de amor.

Anseio por um toque, um olhar compreensivo, que valide a dor que em versos transborda. Anseio por um eco que repita meus versos, e em meu canto, um refúgio seguro para viver em silêncio.

Mas seguirei escrevendo, mesmo que a solidão me acompanhe fiel. Pois a poesia é minha voz, meu refúgio, minha forma de existir, meu ser, minha única forma de permanecer.