"PERDÃO AMOR"!

Não tanto tempo, nem tão longe assim, radiante aqui vim,

transbordando de teu amor, orar, e a Deus agradecer...

Piedoso, pus um joelho no chão, mãos postas em mim

Chorei de alegria sem fim, imensamente feliz, por te ter.

E eu a tinha...

E errei...

Nem menos tempo, nem menos longe, aqui voltei então...

Desta vez, pedi, implorei, temendo o teu amor perder.

Fervoroso, ajoelhei-me com os dedos entrelaçados na mão,

Orei a Deus, pra que teu amor a mim, continuasse a viver...

E ele viveu...

E errei de novo...

Há pouco tempo, nem tão pouco longe assim, retornei, tudo acabado...

Por culpa do meu ciúme inveterado, para sempre teu amor perdi.

Em lágrimas, desesperado, rosto no chão e neste chão ajoelhado,

um mínimo apenas de tua amizade, por Deus e a Deus, eu pedi...

E eu tive sua amizade...

Pensem o que quiserem... Mas errei de novo!

Ansiando ter novamente o teu amor, louco, apaixonado e alucinado,

a ti vociferei as razões do meu ciúme, te ofendi, tua honra vilipendiei...

E te feri injustamente de morte. Cego, troquei o certo pelo errado,

e do teu coração o amor a mim tirei, e em seu lugar, o ódio coloquei.

E hoje tenho o teu ódio...

Senti o frio da morte, quando na minha razão compreendi,

e vivo, naquela instante eu morri...

Penitência! Uma sombra invertida aos pés desta cruz eu me faço, eu a sou...

Mortalmente arrependido, hirto de dor, joguei-me assim estendido no chão...

Humilhado e de bruços, braços abertos, rosto na terra, me ponho e estou...

E entre áis, gemidos e gritos, eu te suplico! Dá-me pelo amor de Deus, teu perdão!

Perdão amor! Perdão!

A quem hoje não tem vida, dá por piedade...

Ainda que te seja difícil, muito embora...

a este que te é completamente louco,

que nos muitos erros se perdeu e angustiado chora,

aquilo que ao menos te é possível, te é pouco...

Dá-me ao menos, a tua amizade...

Pra que eu possa renascer e voltar a ser gente...

um pouquinho, de novo!