Banzo

Sombras...

Já não há beijos

Meu coração se fincou na areia funda

Não vem onda, nem vento,

Nem tempestade desterrá-lo

Lábios secos

Ressecados de maresia

Esperas sem nexo

Cama vazia

Dor surda

Sem gemidos ou gritos

Sem ecos

Sem chuva ou sol

Diriam: é a vida...

Mas que vida?

Mesclada dos arrepios de morte

Sorriso sarcástico

De quem sabe a sorte dura

Que me espera

Quando cai a chuva e o céu chora

Disfarço as lágrimas

E finjo que são pingos

E finjo que são ciscos

Que desceram dos céus

Pra arder meus olhos

Alguém disse:

Teus olhos marejados

Com esse brilho esverdeado

São duas esmeraldas do céu

Sorrio à lembrança terna...

Deve ser Deus

Quem me visita

Nessa bruma empedernida

Que tantos teimam em chamá-la

Vida, vida, vida!

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 25/02/2008
Reeditado em 25/02/2008
Código do texto: T875629