Rumos

Eu andei, juro que andei,

Andei até não saber mais.

Parei muitas vezes humilhado,

E minha dor, só eu sei.

Aos que me olham,

Vêem essa armadura dura,

Dura de tantas vezes calejada.

No rosto se reflete a morbidez,

De outras épocas sorria a palidez

E de outros tempos brilhava a sensatez.

Sensatez que perdi com o mundo caindo em minha cabeça,

Vi-me sozinho, vagando por entre as ruas.

Caminho cabisbaixo porque sei que errei,

Sempre errado: essa é minha sina e meu jeito cínico.

Quando parei,

Fizeram-me andar outra vez,

Agora à chicotadas e ao abandono.

Pedi varias mãos, mas todas dispensei,

Mãos sujas, frias e duras.

Então gritei:

Um pedido de ajuda em tom baixo, ignóbil e infeliz.

Mudei,

Fui para outras mágoas,

Troquei a música,

E com a mesma dança continuei.

Agora no salão não havia mais ninguém,

Só havia pessoas sentadas, passivas, mas amigas.

Não quero saber mais, me revoltei,

Já cumpri minha tarefa de bom garoto,

Mas agora essa vida eu peguei.

Peguei no alto:

mirei,

atirei,

acertei,

caiu,

peguei.

Peguei uma vida meio morta, porém, continuei.

Continuei, continuei...

E hoje eu sou o que não sei.

Plínio Platus
Enviado por Plínio Platus em 29/02/2008
Reeditado em 06/03/2008
Código do texto: T880435