Você, eu e o tempo...

Minh’alma inquieta comigo suspirava!

Eu via o tempo e ele destacar a folhinha.

Pela janela angustiado eu olhava,

pois meu coração ansioso a esperava,

ele tinha a certeza de que você vinha...

ele tinha a certeza de que você voltava.

E eu de tristeza chorava...

E o tempo destacava a folhinha

mas à sua espera, ele não passava,

que lento o tempo andava,

como sua volta demorava

e você não voltava e você não vinha,

mas, muito rápido ele destacava a folhinha.

E eu de tristeza chorava...

Mudou-se o tempo, mudaram-se as folhinhas!

Nem sabe ele quantas e quantas destacou,

e sua espera... que longa espera ficou...

e a cada dia ficava, mais ainda demorada...

mais lento ele andava, mais depressa ele destacava

e eu contava, eu sabia, de cada folhinha arrancada...

...e de tristeza eu chorava

De tão longa espera meu coração adoeceu e definhou,

o aleijão de sua falta deformou-o e de sofrimento secou.

Foi-se então de mim, a esperança que eu tinha

e compreendi que você nunca mais vinha

que pra mim você nunca mais voltava

como uma folha antiga, perdida desta folhinha...

Hoje não espero você mais e só, deixei-me ficar.

Era uma ilusão que eu tinha a esperança de você voltar

mas continuo vendo o tempo passar e arrancar a folhinha...

Engraçado, como hoje tudo mudou, se tranformou...

O tempo, hoje ele é muito lento, é muito devagar

como demora ele passar, uma só folhinha arrancar...

Eis que sou árvore desfolhada e como esta folhinha

vejo o tempo passar e abraçado caminho com ele...

Pressinto que um dia, como esta folhinha a arrancar

pedir-me-á o tempo que a ele feche os olhos...

e num momento, numa breve lufada de vento,

me destacará enfim, da vida... e para sempre há de me levar...

Athos de Alexandria – 14-04-08