Desabafar Poético - XV

Como um fogo morto que jamais renasce

Um sangue de besta que jamais existe...

Uma inspiração que jamais volta

Uma tristeza que já me consumiu.

Me torno cética e já não acredito em sonhos

Perdi toda minha vida, todo meu talento,

Eu já não tenho mais a arte correndo em minhas veias...

Meu sangue é agora ralo e asqueroso

Não tenho mais nada valoroso...

Ou pelo menos nada verdadeiro assim.

Sonhos parecem verdades, mas eu acordei

Ou pelo menos me deixei dormir em topor...

A noite vai fria e o sol se torna meu carrasco

Eu quero novamente sentir alguma dor;

Nem me auto-flagelar e furar a pele

Rasgar a carne, sangrar o corpo...

Nada'dianta! Nada sinto e nada volta!

Apenas resisto desabafando em versos...

Não há luz, não há tunel, não há transição

Existe somente o efeito do marasmo da solidão

Nada é real, meras quimeras, o bater pontual do relógio

Sempre frio e exato como uma equação matemática.

Ser senil o suficiente para regredir

E perder tudo que me há de valioso

Sem anjo, sem sonho, sem carinho

Efêmeramente um mizero caminho

Qual não sei por onde seguir...

Violinos tocam ao fundo da paisagem da melancolia

Num passo e descompasso inexistente de alegria

Ritimados por batimentos fracos e chorosos de um coração

Que se perdeu entre esses dezesseis anos

Numa contagem que ainda não se encontra.

A vida se torna e concretiza-se vazia,

Tão quanto a vodka na neve é fria

Feita apenas sussuros e desgraça...

Não existe boêmia que salve minha raça.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 01/05/2008
Reeditado em 24/07/2008
Código do texto: T970924