FLOR DE LÓTUS

                                                             ...seguindo as "pegadas" do Mestre.


Me sentei à margem da minha vida até me tornar capaz de esvaziar meu coração e esquecer o mundo à minha volta.
No silêncio que se fez, tomei consciência do rio que passava atravéz de mim sem que ao menos eu tivesse percebido suas águas ou as folhas secas[sonhos dispersos] sendo levadas.
No meu estado letárgico eu era incapaz de contemplá-las. Eram fragmentos da minha vida sendo arrastados no mundo exterior sem o conhecimento da minha conciência. Eu apenas olhava atravéz de mim - etéreo fantasma refletindo-se.
Quanto tempo se passou?! Dez anos?! Mil anos?! Onde deixei minha existência que agora desperta, grita numa língua diferente da linguagem que eu entendo?!..
Isso apenas reforça o meu estado de latência e traduz as minhas escrituras empoeiradas de forma abrangente.
Experimentei esse estado de tranqüilidade. Ausentei-me do centro do meu coração - esvaziei!
Não há sequer um ruído - silêncio absoluto! Olho as águas diante de mim - límpidas. Intensa e imperceptível paz agora brinca comigo. Nenhuma postura especial, nenhum critério - nada. Apenas a paz que acontece quando algo está em sua beleza natural.
Como uma flor desabrochando na superfície do lago. Perceptível é a transparência das águas - agora posso imergir meu corpo relaxado e livre e depois olhar as núvens e seus arabescos e até mesmo entender o mecanismo das folhas caindo no sopro do vento...
Rompeu-se o casulo - imerge a criatura alada, capaz de um milagre. Capaz do êxtase de se perceber viva - e somente assim sou capaz de amar. Sou o começo de mim. Renascida na clareza e na paz que vem do amor e nos torna capazes do maior milagre do mundo - o milagre de poder viver.
Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 29/05/2008
Reeditado em 14/08/2009
Código do texto: T1011042
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