A semeadura é livre(O evangelho Essênio da paz)

A semeadura é livre

(Inspirado no livro: “O evangelho Essênio da paz.”)

Caminhei até a borda do abismo e estendi minha mão ao nada,

josue largue a espada, venha em minha direção.

Quem vos deu à luz? Tudo que aprendi dos céus veio

do teu coração, da íntuição e da herança gravada.

Já não existe mais nada, acabaram-se os dias de comprar

e vender, de se matar para comer, de se vender como

escravos as almas de homens e de índios.

Enquanto nossos dedos se agarravam, vi a grande

distância de se conhecer a palavra e vivenciar o verbo,

a fé que destroí é o medo que nos uniu na mesma prisão.

Pois quem leva ao cativeiro será levado ao cativeiro,

nos tornamos iguais a moscas presos na teia que nós

mesmos tecemos, então já não somos mais vigorosos

e violentos, deixamos enterrados nossos talentos.

Hoje o senhor dos céus vem dar conta do que fazemos,

adoramos a besta da matéria e construímos um paraíso

de pedras, agora ouço vozes e trovões nos ventos,

o céu se desdobra em águas acompanhadas por um

furioso granizo, junto ao anjo do sol do meio dia.

Meus pés estavam nus no solo cheio de lama,

o ar viciado enterrava viva a mãe que nos derá a luz,

um cavalo alado me acolhia no seu corpo prateado,

lá de cima pude ver uma nova era, o céu e terra haviam

passado, onde era mar tinha se acabado.

Fui levado ao paraíso, vestido de linho fino, branco e

limpo, junto ao eterno jardim infinito, em cujo meio se

erguia a Árvore da vida. Anjos de alma feminina se

adornavam tal qual noiva a espera do marido,

representavam a Mãe terra e o seu divino martírio.

Vi irmãos com as mãos trêmulas, outros com o rosto

deitado sobre o solo, era hora do julgamento final.

A semeadura é livre, a colheita obrigatória, mas o Juíz é

justo, sim, ele é a palavra de Deus.

Tinham que responder pelos danos causados a Mãe terra,

muitos eram seus pecados, sim, tinham destruído as

criaturas do céu e do mar, e empençonhado o solo,

viciado o ar, modificando sementes e semeando a fome,

deixando crianças entoando a miséria em meu nome.

Não vi o que lhes aconteceu, minha visão mudou,

entre meus dedos estava um amigo que se perdeu diante

das armadilhas da vida, mas me ensinou a retidão.

Irmão largue a espada, segure em minhas mãos,

aos poucos ele foi largando meus dedos cansados,

como uma despedida pude ver nos seus olhos o desejo

de se reconciliar com Deus, ele queria o julgamento,

sabia ser o Juíz justo, preferiu o abismo.

E nunca mais eu vou ouvir a voz da harpa e do seu canto,

seja qual for a sua arte a luz da vela não brilhará.

Ajoelho no chão e faço uma oração,

a voz do noivo e da noiva não será mais ouvida,

vejo um novo anjo voar no céu,

caminho em direção ao abismo, vejo meu amigo subir

pelas pedras, tinha caido entre uma fenda na rocha,

tinha feito o caminho de volta, fez sua reconciliação.

O Juíz é justo, o amor cobre multidões de pecados.

O anjo dos céus anuncia aos homens,

Deus enxugará todas as lágrimas e não haverá morte,

nem choro, nem ranger dos dentes,

para aqueles que acreditaram no amor a Deus,

no amor ao próximo.

Pois todas as coisas anteriores terão findado,

os homens largarão suas espadas,

jogaram suas lanças ao chão.

Nação nehuma levantará a espada contra irmãos,

crianças não aprenderão a fazer a guerra,

viveremos tempos de amor, paz, e harmonia.

As portas do mau estarão fechadas,

pois as coisas anteriores terão passado.

Ricardo, 29/11/08.