O FILHO PRÓDIGO

Não quero essa vida mansa

- diz ao pai - quero outra vida.

Dá-me a parte na herança,

porque já estou de partida.

O filho abandona a casa

sem remorso e sem saudade

de aventura tece a asa

que o leva para a cidade.

O pobre pai fazendeiro

tem a dor no coração

o seu outro filho herdeiro

não tem a mesma emoção.

A consciência que boicota

para o pai era a esperança

numa lembrança remota

recorda de outra criança.

Sabe ele que a dor da cruz

nos ensina com tormento

faz brotar do fundo a luz

que nos dá discernimento.

Todo orgulho farisaico

- do outro filho que ficou,

se transforma num mosaico

do seu “eu” que ele pintou.

A fuga do filho moço

lapidou sua vontade

sofre no fundo do poço,

chora de tanta saudade.

Gastou todo o seu dinheiro

com fome ficou doente

dormiu até no chiqueiro

viveu como um indigente.

A escolha que o filho faz

fez brotar de sua entranha

algo bom, algo eficaz,

mesmo que pareça estranha.

Filho que se compromete

celebra um nascer de novo

outro erro nunca repete

e se torna herói do povo.

A volta, diz o Evangelho,

para o pai foi uma graça

não para o filho mais velho

que viu nisso uma desgraça.

Ordeiro e disciplinado

o mais velho se acomoda

o outro, desorganizado,

o seu orgulho ele poda.

Na preferência incontida,

o seu “Pai” escolhe o AMOR,

na armadilha dessa vida

fica o exemplo do Senhor.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 24/07/2009
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