O FILHO PRÓDIGO
Não quero essa vida mansa
- diz ao pai - quero outra vida.
Dá-me a parte na herança,
porque já estou de partida.
O filho abandona a casa
sem remorso e sem saudade
de aventura tece a asa
que o leva para a cidade.
O pobre pai fazendeiro
tem a dor no coração
o seu outro filho herdeiro
não tem a mesma emoção.
A consciência que boicota
para o pai era a esperança
numa lembrança remota
recorda de outra criança.
Sabe ele que a dor da cruz
nos ensina com tormento
faz brotar do fundo a luz
que nos dá discernimento.
Todo orgulho farisaico
- do outro filho que ficou,
se transforma num mosaico
do seu “eu” que ele pintou.
A fuga do filho moço
lapidou sua vontade
sofre no fundo do poço,
chora de tanta saudade.
Gastou todo o seu dinheiro
com fome ficou doente
dormiu até no chiqueiro
viveu como um indigente.
A escolha que o filho faz
fez brotar de sua entranha
algo bom, algo eficaz,
mesmo que pareça estranha.
Filho que se compromete
celebra um nascer de novo
outro erro nunca repete
e se torna herói do povo.
A volta, diz o Evangelho,
para o pai foi uma graça
não para o filho mais velho
que viu nisso uma desgraça.
Ordeiro e disciplinado
o mais velho se acomoda
o outro, desorganizado,
o seu orgulho ele poda.
Na preferência incontida,
o seu “Pai” escolhe o AMOR,
na armadilha dessa vida
fica o exemplo do Senhor.