CINZAS

(À memória de minha Tia Gioconda Tristão Melani e daquela pessoas que através da dor passaram deste,

para um plano superior)

A manta é cinza

como a cinza do cigarro

naquele avião...

A teus pés a manta

cinza

A cama é cinza

como é cinza a manivela

que suspende teu leito.

Aqui eu espero, meio

cinza

Lá fora a rua é cinza

como a luz do dia,

Da janela fechada

vejo teu cabelo

cinza

E os dias passam cinza

enquanto espero...

Ó quanto não quero,

que tu te tornes

cinzas

Imóvel em teu leito

continuas o sono profundo

feito de comprimidos,

do envelope cor de

cinzas

E da mesa cinza

volto a escrever

de pé; no chão

os ladrilhos também

cinza

A grande talha térmica,

azul e sempre cinza...

Água límpida, pura

que lhe dou de beber...

Por que num hospital

tudo tem sempre

que ser cinza?

E os dias passam cinza,

enquanto espero...

Ó quanto não quero,

que tu te tornes

cinzas...

Por trás do copo d'agua,

no criado cor de cinzas

Esconde-se um leve toque,

alguma cor que não é cinza

O lilás, angelical,

o laranja: energia...

Presentes: A FÉ

das pessoas que te amam...

Que a rosa mística em teu peito,

de cor púrpura, tão linda!

Seja sempre minha lembrança,

mesmo depois de tuas

cinzas...

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 03/09/2009
Reeditado em 03/09/2009
Código do texto: T1790918
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