O ÁTRIO E AS RAZÕES DE DEUS
08/10/2009
É manhã de outubro,
Acordamos cedinho, apressados...
Ele vai trabalhar; eu caminhar.
Mas na saída, ele volta, rubro...!
-Tem alguém lá fora,
na entrada do jardim!
E meu marido o intruso espanta,
Bate na porta, asssim!
-É um andarilho,
está de camisa azul.
(meu marido também, de azul...)
-Ele tem um olhar, sem brilho!
O homem se vai,
não o vi, não sei quem é...
E do meu peito sai
Uma dor que eu sei qual é...
Saio a caminhar pensando,
em Deus, nas suas razões...
Pensando em nós,
Nos filhos Teus...
Ao sair, atravesso a rua,
Olho minha casa,
Meu átrio, meu jardim...
Cheio de rosas; o dia continua....
Sem os muros, com acolhimento,
Aquele lugar, amparou o indigente,
Na noite passada, naquele momento!
Como aquela mangedoura,
simplesmente...
Então, vou caminhar,
Pensando no andarilho.
Sigo a meditar,
Porquê saiu dos trilhos?
Penso em sua vida...
Nas suas mazelas,
Na triste orfandade,
Na falta de amor...
Decido deixar assim:
O átrio e o jardim,
Sem muros, sem grades...
Um florido albergue, enfim...