É nas luzes que vejo meu destino...
É nas luzes dos carros que consigo
enxergar as rotinas de suas vidas,
das pessoas que se espalham, dos mendigos,
das que passam nas turbas diluídas.
Nas varandas das casas, d’avenidas,
solidões passageiras, seus percursos
vão sumir na poeira envelhecida
na rotina banal e no desuso.
É nas luzes dos prédios tão distantes
como tantas e tantas as pessoas
que se esvaem nos momentos dissonantes
pela culpa ou a memória que ressoa.
Essas luzes dos prédios... São vitrines
que não importa a janela que ilumine,
bem parecem as certas diretrizes
a seguir, p’ra não sermos infelizes...
Mas as luzes dos prédios são lanternas
que fulguram no alto, no impossível,
ambições encarnadas, sempiternas
irão sempre voltar ao inverossímil.
É nas luzes que vejo meu destino,
e o destino de toda a humanidade,
somos isso... Só um lume pequenino
diluído em singela claridade...