AS RAZÕES DA SAUDADE

Um dia li um livro que me

abriu os olhos;

soube sobre um mestre, velho,

que tirava o seu tempo para passear

entre as flores e os arbustos dos vastos

campos ao lado de seu castelo.

Este velho mestre, gostava de estar

sempre acompanhado por pessoas a sua volta.

Todos o escutavam.

Ele narrava momentos fascinantes

entre a vida e o amor a todas as coisas.

Um dia, uma pessoa perguntou ao mestre

o que era saudade ?

Ele por sua vez, apanhou uma flor silvestre

que estava a seu alcançe,

no campo florido, e a deu para a pessoa.

A dita pessoa, pegou a flor e nada entendeu...

Ai é que mora a razão;

nos lugares onde os mais velhos são respeitados

e tidos como sapientes.

Neste justo momento, o velho mestre

pensou, refletiu e disse a pessoa:

- A saudade é como esta flor.

Ela existe, mas não esta mais presa

ao pé em que nasceu;

entretanto, carrega no seu âmago,

a mesma seiva que lhe deu a vida.

Também, devemos lembrar que

parte da seiva ficou no pé, no arbusto.

O pé, o arbusto, não tem mais a flor,

mas em si mesmo, ela sente presente na seiva,

parecendo permanecer inteira.

É o segredo da vida, a flor não tem

mais o arbusto, mas sente, em seu interior

que a seiva ficou presa em si.

A saudade está na ausência do ser,

na mesma proporção, que o ser esta

na ausência da saudade.

Eles se alimentam na mesma fonte de vida.

Diante disto, a pessoa, fica apreensiva

e passa a olhar a flor que sua mão segurava

com amor.

O velho mestre, diz a pessoa:

Olhe em frente, e o que vês ?

Senão um campo cheio de flores

de todas as espécies que possas imaginar.

O velho mestre, pede a pessoa que feche

os olhos, e procures ver as flores do campo;

Se não vês, não importa, pois estás de olhos

fechados, mas no fundo, sabes que elas estão

aqui por todos os lados.

Se você abrir os olhos, voltarás a ver as mesmas

flores, a mesma luz, o sol claro e exuberante,

as mesmas cores.

Assim nós vemos a saudade, pois as vezes

pensamos que perdemos pessoas e coisas

e nos preocupamos, chegando a exaltar que

estamos com saudades.

Em verdade, o que ocorre é que estamos

por vezes de olhos fechados, e um dia,

abriremos os olhos e haveremos de perceber

que tudo continua como antes.

As pessoas que amamos e que partiram,

continuam junto de nós, em amor

e toda a intensidade habitual.

Lembrem, um dia a saudade poderá

bater a nossa porta, e se estivermos

de olhos fechados, é porque não queremos

ver, mas no fundo, há uma presença alegre e silenciosa,

que nos quer amar e que é muito persistente

para o lado do amor.

Porém, devemos lembrar que acima

da saudade, há os mistérios de Deus,

e que as pessoas muitas vezes

partem cedo, e este é o mistério de Deus,

que não nos cabe entendê-lo.

Há nestes mistérios, casos que nos pegam

de surpresa porque sabemos que quem

partiu cedo, continua presente como a seiva

que permanece na flor em nome do amor,

do momento, da causa, do tudo.

Podemos comparar isto, a estar com os olhos

fechados no campo das flores, pois você

sabe que elas existem, embora que neste

instante não as veja, mas elas existem,

e estão presentes no campo, com todos

os seus perfumes e nuânces.

Precisamos lembrar e aceitar

que a saudade, é um exercício de fé,

de amor, carinho, porque no fim

é um acreditar naquilo que não se vê.

Do Escrevedor de Versos: tabayara sol e sul

tabayara sol e sul
Enviado por tabayara sol e sul em 09/12/2010
Reeditado em 13/06/2014
Código do texto: T2663211
Classificação de conteúdo: seguro