Edital IV

Edital IV

Que tardes!

A minha alma pede paz, e diz:

Não sou capaz.

Que tardes! A minha alma não está pronta.

Foge de Ti, se amedronta.

De tanto fugir talvez nem chegue a florir.

Nem recados sagrados consigo dar.

Foge-me o tino.

Desato a correr sem parar de medo de os passar.

Sei que são água da vida, que não os posso reter.

Meu Deus! Não sou nada, não sou ninguém.

Posso por tudo a perder.

Vou esperar que homens sedentos a venham buscar.

Que saiam pelo mundo tentando me achar.

A água da vida pede passagem.

Quer seguir viagem, regar o Céu, a Terra e o mar.

Que tardes! Ai de mim!

Não sei se isto é bom ou ruim.

Lita Moniz