luz que jaz

esta manhã tenho um encontro com a morte

quero me trajar de minha melhor faceta

me perfumar com o melhor de minha essência.

enquanto espero, assisto minha filmografia

quero lembrar das gotas que caídas dos olhos

e das que evaporaram do contato das peles

é chegada a hora.

meu coração dispara sem mais bater

e o sangue já não tem pre...ssa...

dizem que morte nunca é igual, mas a minha

era mais diferente ainda

era clara, era límpida e lânguida

profética e poética...

ela, com todo carinho, me pegou pela mão,

me convidou para um passeio

a um lugar onde os relógios retrocedem

de maneira a rever o que passou.

era o minha chance de descobrir

pelos lábios da morte o segredo da vida

desta vez, visto e não mais vivido

pois em vida, quase nunca entendi, sempre senti.

fizemos paradas em momentos que antecediam beijos

em olhares a mim lançados e nunca percebidos

passeamos por linhas que escrevi

quando ainda eram sentimentos.

ao chegar a minha infância, comecei a entender minha poesia,

que nunca passou de saudade

de ver o mundo mais simples, mais genuíno

nunca vivi tão intensamente quanto em minha morte

estavam ali tantas respostas,

tão doces arrependimentos...

minha cicerone me olhava tão ternamente

a me fazer sentir o conforto do útero, nossa parada derradeira.

Ela, com doces palavras, revelou enfim,

o que sempre almejei desvendar,

então ela me disse:

“ o grande segredo da vida nos é revelado

desde o primeiro pulsar,

é a capacidade de enxergar as pessoas

pelo lado de dentro.”

Marina Mara
Enviado por Marina Mara em 21/02/2007
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