luz que jaz
esta manhã tenho um encontro com a morte
quero me trajar de minha melhor faceta
me perfumar com o melhor de minha essência.
enquanto espero, assisto minha filmografia
quero lembrar das gotas que caídas dos olhos
e das que evaporaram do contato das peles
é chegada a hora.
meu coração dispara sem mais bater
e o sangue já não tem pre...ssa...
dizem que morte nunca é igual, mas a minha
era mais diferente ainda
era clara, era límpida e lânguida
profética e poética...
ela, com todo carinho, me pegou pela mão,
me convidou para um passeio
a um lugar onde os relógios retrocedem
de maneira a rever o que passou.
era o minha chance de descobrir
pelos lábios da morte o segredo da vida
desta vez, visto e não mais vivido
pois em vida, quase nunca entendi, sempre senti.
fizemos paradas em momentos que antecediam beijos
em olhares a mim lançados e nunca percebidos
passeamos por linhas que escrevi
quando ainda eram sentimentos.
ao chegar a minha infância, comecei a entender minha poesia,
que nunca passou de saudade
de ver o mundo mais simples, mais genuíno
nunca vivi tão intensamente quanto em minha morte
estavam ali tantas respostas,
tão doces arrependimentos...
minha cicerone me olhava tão ternamente
a me fazer sentir o conforto do útero, nossa parada derradeira.
Ela, com doces palavras, revelou enfim,
o que sempre almejei desvendar,
então ela me disse:
“ o grande segredo da vida nos é revelado
desde o primeiro pulsar,
é a capacidade de enxergar as pessoas
pelo lado de dentro.”