Estado terminal
Não sei o que me levou a esse fado
Se fora bala perdida, acidente ou doença
Só sei que me encontro aqui exilado
Totalmente só, mas não perdi a consciência...
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Ainda posso ouvir muitas vozes ao meu lado
Numa atividade, mas o que estão a dizer?
Eu não entendo nada que é mencionado
Estou confuso, e não consigo me mexer...
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O meu estado é terminal, eu sei disso
O analgésico alivia o corpo, mas jamais a alma
Na verdade, eu nem sei do que preciso
Pois nesse estado nervoso, nada me acalma...
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Quiçá eu seja por anjos levado
Já não agüento viver nesta prisão
Deitado em coma, totalmente entubado
Com aparelhos controlando minha respiração...
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Eu quero viver, porém meu corpo já desistiu
Já não sei, quando vi o sol pela ultima vez nascer
E já não lembro qual foi a ultima boca que me sorriu
Porque estou aqui, eu não consigo entender...
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Sê ao menos eu encontrasse uma razão
Ou talvez uma voz, ser-me-ia solidária
Ao sentir ao menos sua discreta atenção
Conversando com o intimo de minha alma solitária...
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Pois preciso de um entendimento ao meu alcance
Sentindo que alguns oram para que eu possa ficar
Enquanto outros oram para que eu realmente descanse
Numa briga de anjos e homens, qual não sei quem escutar...
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Mas sei que o meu corpo já esmoreceu
Decompõem-se sobre a cama, neste meu estado terminal
Mas a alma do corpo ainda não se desprendeu
Prendendo-me aqui, neste casulo carnal...
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Então por favor, agora deixem me ir
Desliguem os aparelhos, parem minha pulsação
Ela é artificial, e não me deixa sucumbir
Pois sei que já não bate sozinho o meu coração...
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Eu não irei feliz, mas, porém conformado
Pois meu corpo, já não suportava mais a pressão
Dou adeus a vida, há um anjo aqui do meu lado
Esperando meu ultimo suspiro, quando as vozes se calarão...