E a alma chorou...

E a alma chorou...

Marlene B. Cerviglieri

Na terra o orvalho cessa de cair;

Amanhece.

De uma janela do céu,

Uma alma espreita e vigila uma criança

Doentia e maltrapilha a caminhar

Pela rua deserta, longa e sem fim;

Aproximando-se de uma vivenda nobre,

Olhando ao redor, indecisa,

Aquela pobre,

Furta rosas de esplêndido jardim.

Com seus bracinhos magros as envolve

E, resoluta com passos decididos,

Chega ao largo da Matriz,

Penetra a igreja com lágrimas nos olhos,

Dirige-se ao altar

E, em tom zangado e suplicante diz:

Eu roubei estas rosas,

Você roubou a mamãe,

Eu devolvo as rosas,

Você me devolve a mamãe?

E a alma no céu chorou...