Poeta  do Mistério
       Ah! Eu queria ser, rica, bonita, com  vontade
       de viver.
       Só corpo sem alma,  criado nas forjas das piores
       Intenções.
      Um ser concreto, corpo só, bem definido,   lindo
      de morrer.
 
      Ah! Eu queria ser idolatrada, cobiçada, disputada
      nas rodas do bem viver.     
      Distribuir sorrisos largos, olhares dissimulados.Tudo artificial,
      de tal modo articulado que  nada deixasse ver quem eu
      era para valer.
 
     Ah! Eu queria ser bruxa adestrada na escola de esconder.
     Levar muitos homens para a cama, ensinar-lhes o que
     é prazer.
     Sem que aquela relação fosse além desta intenção.
     Arrancar do mais alto milionário até o último tostão.
 
     O mistério apareceu, não riu de mim, não me culpou,
     Sequer de perdão falou.
     Chegou perto da minha alma, regou-a com a chuva das
     Estrelas de primeira grandeza.
     Eu te dou a  minha paz, a minha certeza.
 
                                                             Lita  Moniz