Para os Cancerianos, O Mar e o Amar

Olha pra si e já não se reconhece, veja! O que tem feito consigo mesmo... Não deveria.

Diga pra si mesmo onde doí, diga. Não deveria, não deveria.

Não sofra, esconda-se em sua carapaça! Funcionou até hoje.

Eu sei que doi fingir ser um deles, fingir tudo.

Quase não sobra você.

Mas por mais duro que é o golpe, aguenta. A carapaça resiste, ela o fez chegar aqui.

Não seja risonho como o geminiano. Não seja teatral como o Leão.

Não tenta ser ponderado como o libriano, tampouco inabalável como o Escorpião.

Isso não te pertence.

Ao canceriano é confiado o mistério e o coração, o mistério do coração.

Você é aquilo que ninguém vê, aquilo que está coberto, aceita que mesmo aqueles que ficarão anos ao seu lado talvez nunca descubram, esteja certo.

Contudo, verdade seja dita, a luz do sol nunca te faz justiça. Deixa que te vejam de relance, sobre a tênue luz da lua, que tão pouco ilumina, deixa que forcem a vista a sua procura, pois a noite é sua e você é dela. Essa é sua beleza, seus corredores em que tantos se perdem tentando encontrá-lo, seus mares profundos, suas marés.

Escuta os demais, mas quando teu coração quiser falar, cala-o. Faça-o calar.

De todos os mistérios, eis o que será mais difícil de guardar: Tal é tua sina. Não dê asas a teu coração, não o deixe voar, amordaça e aquieta o que ele tens pra falar. Guarda o sofrimento, todo e o de calar, guarda.

Pois como todo bom mistério, tu moras na noite, habita no silêncio.

Cala-se, faça calar.

Mas antes, fala baixo ao pé de meu ouvido, o que sabes sobre amar.

Pois disso, ninguém sabe mais, nem nunca saberá.

Vinícius Risério Custódio
Enviado por Vinícius Risério Custódio em 18/03/2014
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T4734120
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