DESCRIÇÃO QUASE LEVIANA

Quanto mais incerto

Percorro,

Corro,

Salto-me no deserto

Uma dor em mim esparramada

Solta,

Leve,

Brusca e turva minha estrada.

Buco no líquido vasto e profundo

Decifrar e choro;

A guerra no pânico mundo.

Com uma vista ativa e muito nome

Sou fonte de luz,

Sou cruz que se consome.

Em tempo,

Em face do amor alvo divino

Permito o azul do céu

E a sorte do destino.

Converto o sol em sal do próprio nada

Quando o desastre futuro

É presente à mão armada.

Em mil sons de flautas que me levam

Ao tudo quanto sou

Numa eterna treva.

Com beijos colados boca-a-boca

E uma vontade de não ter uma voz tão rouca,

Nesse ritmo poético lá vou eu.

Quando menos mais sou difuso

De tudo nada tenho de amor sem uso.

Basta uma valha de essência

Para que o furioso se tenha existência.

Em tempo em que tudo se sente,

Basta uma lembrança do presente?

Quando o milagre serve a alma

Tudo o que era cheio de tumulto se acalma.

Tudo era uma descoberta

No momento que em seu coração

Havia uma porta aberta.

Mas tenho em seu olhar um grande não

O meu destino se tornou um vulcão.

Em que nada mais o esfriava

A não ser quando teus dedos me tocavam.

Por mentira em que a mente fala

Traz-nos a luz a voz rouca que não se cala.

Mas existe um homem com laço de gravata

E alguém sendo apunhalado naquela mata.

A alegria de zombar no meio do caminho

Sucumbiram as vidas dos parentes do vizinho.

Que não gritava mais com tamanha energia

De quando era garoto moço-homem outro dia.

Eu agora já cansado no entressonho

Seguro a caneta e peço uma folha de outono.

Embora faça algum tempo que escrevi estes versos,

Gostei muito deles e escreverei mais, confesso.

Vivendo agora outro momento

Descubro que sou como uma folha que cai

Com o sopro do vento.

Só que tenho forças para me levantar

Por isso vou ser grande perto das águas

Daquele magnífico mar.

Sei que o tempo é quem dá as melhores respostas

Mas tenho muito convicção em mim mesmo

E vou continuar levando minhas propostas.

Já tentaram acabar comigo

Só que sou uma fortaleza

Além do Ceará que muito luta

E que não merece este castigo.

Isso é uma descrição quase leviana

Mas necessária para demonstrar minha “fama”.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 12/11/2016
Código do texto: T5821491
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